Um pertubador retrato de uma sociedade que pode ser perfeitamente vista como um espelho da nossa.
Ultraviolência. Quando Laranja Mecânica O anti-herói do filme é Alex DeLarge, um jovem líder de uma gangue de delinqüentes, amantes de leite drogado e música clássica, que tem por diversão bater, estuprar, matar... Enfim, cometer qualquer brutalidade que tenha vontade, não se importando com as leis ou o senso humanitário, somente pensando na própria diversão. Quando finalmente é pego pela polícia, sofre um tratamento duro de reabilitação. Um novo método, cruel, que faz com que a pessoa fique totalmente indefesa com relação a violência do mundo. E, mais uma vez, Kubrick brilha de maneira fascinante comparando os atos de Alex antes de sua internação com os da sociedade em resposta ao seu passado na segunda metade do filme. Você realmente se questiona sobre qual tipo de atitude é pior, mais fria, desumana. Não digo isso somente nas pessoas da rua, os antigos amigos de Alex, e sim com toda a falta de escrúpulo em volta dos interesses políticos sobre a situação. Uma ousadia incrível de Kubrick, perfeitamente retratada, questionar o sistema de modo tão duro. Kubrick tem também o total domínio sobre as técnicas de filmagem. Misturando diversas dessas técnicas, ele cria o ambiente que quer da maneira que quer. Mesmo que possa parecer estranho (seus cenários tem cores sempre extravagantes, poucos objetos de cena, chão brilhando, luzes estourando nas paredes e tetos), tudo tem uma perfeita sintonia com o mundo em questão. Aliás, essa característica não se diz somente à Laranja Mecânica, e sim a todos os filmes de Kubrick (até mesmo Spartacus!), mas citei para reforçar que nada foi ao acaso, tudo está lá propositalmente. Certas vezes temos o tempo do filme alterado, passando mais rápido ou devagar, tudo ao som da mais bela música clássica. Aliás, Kubrick também brinca com temas clássicos, como nunca vistos antes. Além dos clássicos já supra citados, temos canções inocentes como ‘Singing in the Rain’ interpretadas de um modo nunca visto antes. Particularmente, não curto tanto essa violência em filmes. Só que aqui ela é totalmente justificada, o roteiro sempre tem uma explicação para tudo o que está acontecendo, nada acaba sendo gratuito. Prefiro a parte antes de Alex ser redimido, pois é mais engraçada, tem um ritmo maior e tudo é novo quando assistimos. O que não gosto no filme são algumas cenas um pouco nojentas, como quando Alex acaba de ser preso (a do cuspe) ou então quando ele cai com o rosto sobre o prato de comida. Acho extremamente desagradável esse tipo de cena. O engraçado é que Laranja Mecânica custou apenas 2 milhões de dólares e, sem sombra de dúvidas, é um grande clássico. O que prova que a qualidade não está nos orçamentos milionários de Hollywood, e sim na competência de seus realizadores. É tão óbvia essa afirmação que me pergunto como filmes horrorosos que custaram dez vezes mais conseguiram ser aprovados por seus produtores. É ao mesmo tempo divertido e cruel. Fascinante e perturbador. Uma reflexão e medo. Ousado e intrigante. É Kubrick em sua melhor forma. Fonte: CinePlayers |
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